O poder de escolha para as crianças

Já pararam para se perguntar o que a criança pode escolher? O que cabe ao adulto decidir ou o que pode sim, ser atribuído aos pequenos? Esse é um tema contraditório porque, por um lado os pequenos precisam desenvolver seu psiquismo e ter capacidade de decidir as coisas, por outro, há definições que precisam ser feitas pelos adultos, mas que têm sido direcionadas aos pequenos.

Por exemplo, o destino das férias escolares. Pensem comigo, a quem cabe essa decisão? Alguns podem pensar que se as férias são da criança seria justo que ela escolhesse, certo? Mas se a vontade é ir para a Disney e o orçamento é bem menor? Aí os pais entram naquela saia justa de ter que frustrar os filhos pois não podem seguir com a viagem esperada. 

Se todas as vezes que a criança escolher algo os pais brigarem ou afirmarem “não vai ser assim”, sentimentos de inibição e frustração surgirão. Imagine como é para eles? São provocados a optar, mas quando escolhem, não está certo? E mais, se algo que a criança decidir der errado, também não vale dizer “Eu avisei”, “Falei que não daria certo”, porque, a palavra final é sempre do adulto. Isso seria transferir a responsabilidade (e poder) para um ser que não tem maturidade para DR, não é mesmo? 🙂

Devemos estar atentos, pois esse tipo de escolha dá uma autonomia que a criança não tem maturidade para lidar. A partir do momento que entende o quanto poder tem, poderá realizá-lo de acordo com o seu bel-prazer, sem noção de consequências. Isso pode impactar no futuro, tornando-se um indivíduo confuso em relação às decisões e tendencioso a sempre querer fazer sua vontade.

Uma forma legal de lidar com isso, é oferecer opções já pré-selecionadas pelos adultos. Exemplo: o presente de algum colega da escola. Ao invés de chegar em uma loja e pedir para a criança decidir, procurem opções legais e sugiram que escolha uma. É uma forma de dar autonomia, gerar participação, mas sem o poder desenfreado.

A criança também pode decidir, como pintar um desenho, uma mensagem para alguém querido… Até a roupa que usar é legal – já até fizemos um post aqui sobre o uso de fantasias -, mas muitos cuidadores não autorizam por vergonha, já que sentem que é a imagem deles que está em jogo. 

Devemos evitar essa divergência de atribuição de responsabilidade e autorização de poder. A recomendação é preparar um sujeito pronto para lidar com as suas responsabilidades, de acordo com cada etapa da própria vida. O diálogo constante é um caminho fundamental nesse processo. 

 

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