Quando perguntamos qual é o problema de uma criança usar fantasia ou repetir uma roupa que ela gosta muito, na maioria das vezes a resposta é “os pais”. Sim. Muitos se sentem constrangidos por verem os filhos em uma situação que para eles seria inconveniente. E essas ideias de constrangimento e vergonha passam através das gerações. Usar a mesma roupa todo dia, ou até mesmo uma fantasia, não é algo aceitável no universo do adulto, mas é possível à criança e proibi-la disso pode gerar uma falta que reverberará no futuro.
As crianças raramente são julgadas pelas roupas que elas vestem, mas o que vemos são pais temerosos em relação às roupas dos filhos, muitas vezes, decidindo o que a criança vai usar por medo do que os outros vão pensar.
Os pequenos podem se apegar e querer usar uma fantasia (ou alguma roupa específica) o tempo todo, em qualquer ocasião, repetindo incessantemente. Cabe aos cuidadores negociar o tempo, dias e opções a essas vestimentas. Depois de certa idade, é legal explicar o processo para a criança, contando que as roupas devem ser lavadas e que é preciso esperar um tempo até que seja possível usá-las novamente.
Uma ideia bacana como alternativa às fantasias são as roupas temáticas. Gosta muito de super-heróis ou personagens de desenhos? Procure roupas com eles. É uma forma da criança não estar fantasiada, mas vestida com o que ela gosta.
Ao comprarem roupas, busquem entender qual o estilo da criança, o que ela curte, quais as cores preferem. E, acima de tudo, respeitem o desejo dos pequenos, porque, muitas vezes, quando tentamos forçar a nossa vontade, cerceando sua liberdade, podemos provocar insegurança excessiva.
É importante observar e não forçar 100% a opinião do adulto, nem se tornar escravo do gosto da criança para evitar pequenos tiranos em casa. Questione o porquê de determinada peça, siga o estilo e descubra o que permeia o universo do pequeno.
E por que a gente fala sobre isso? A roupa influencia lá no futuro, na época da adolescência em relação à identificação e aceitação de si mesmo, do quem eu sou. Se a gente insiste muito e impõe algo para os pequenos, criamos a ideia de que ela está sempre errada e, por isso, vestindo o gosto do outro, a opinião do outro, e não a dela mesma e isso pode ser problemático.
