Birra sim, birra não…

Quem nunca viu uma criança se jogando no chão e chorando por algo que não se sabe o quê? A famosa birra, que deixa muitas pessoas atordoadas acontece em quase todas as famílias. Mas você sabe por que os pequenos fazem isso? O que eles estão buscando?

A tradição popular chama birra de atenção. E sim, nossas avós, em algum lugar, estavam certas. Pensemos no psiquismo infantil, ainda sem os recursos que nós adultos temos, sem conseguir expressar sentimentos, desejos, incômodos. Não há repertório para traduzir tudo o que sente.

Vale ressaltar que ainda não existe a ideia maniqueísta de bom ou ruim, de certo ou errado, mas um fato é que a criança deseja ser olhada com atenção pelos pais. E quanto mais “rouba” a cena para si, melhor, pois tem ideia de estar ganhando. Ela sabe (ainda que de forma inconsciente) que a birra mobiliza o zelo do cuidador para ela.

Contudo, é o olhar, a postura e a forma de lidar com a birra que conduzirão a relação com a criança nesse aspecto. Se os cuidadores se colocam como figuras de autoridade, com um tom de voz que realmente transmita o que se deseja, serão compreendidos nesse sentido. São capazes de captar o indizível, o pressuposto e o subentendido. Já se os responsáveis se constrangem com a situação, ficam com vergonha e cedem à birra, concedem o espaço de protagonismo que lhes cabe para a criança e dão margem para novos comportamentos desse tipo. Isso vira uma espécie de recurso ao qual recorrem para terem suas vontades atendidas e pode possibilitar certa tirania. É uma forma de testar se o adulto dá conta de sua sobrevivência. E quando ganham na birra é porque tocaram a criança interior dos pais.

Agora, o que leva os adultos a cederem às pirraças? Grande parte não quer ser vista como frustradora, objeto de ódio e de rejeição por parte dos pequenos. Só que se esquecem da importância da decepção no processo de desenvolvimento infantil. É a falta que nos move. Só buscamos ser aquilo que não somos; só nos movimentamos para os lugares em que não estamos.

 

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