O bullying não é algo esperado quando se pensa em ter descendentes e, por isso, muitos pais são pegos de surpresa quando se deparam com isso na vida dos pequenos. Alguns, por encararem os filhos como sua extensão, tomam para si a ofensa e reagem se esquecendo que estamos falando de um problemas entre crianças e adolescentes.
Uma das primeiras questões a se observar é o nível em que se encontra o bullying – se é algo diário e constante, como uma perseguição, ou um episódio isolado – e a que se refere, se está relacionado com o corpo, tipo físico, desempenho na escola, família e por aí vai. Geralmente esses casos acontecem nos lugares que a criança frequenta, principalmente na escola, mas também há episódios em cursos de idiomas, alguma atividade física etc. Converse com a criança e tente entender como está a situação para ela e como sente tudo aquilo.
Uma dica relevante é pesquisar escolas alternativas, principalmente se estiver perto das férias do meio ou do final do ano. É indicado ter essas opções para que seja mais fácil optar por tirar os filhos caso a escola falhe em resolver o conflito, já que a tendência é ficar numa posição neutra, sem assumir um lado da história. Principalmente no caso de instituições particulares, o aluno e, consequentemente, a família, é encarado como um cliente, do qual não podem abrir mão.
Orientamos aos pais do bulinado que recorram à escola, estejam presentes e ativos solicitando uma postura da mesma. Como gosto de brincar, “Caiam na jugular da escola!”, apresentando os fatos, o bullying, os alunos envolvidos e o motivo. Caso necessário, comuniquem o possível interesse em retirar o aluno da escola.
Na maioria dos casos, a escola devolve o problema para a família, indicando que procurem um profissional para acompanhamento terapêutico e psicológico, mas isso é culpabilizar a vítima, uma coisa que o bulinado sofre bastante. Claro que a ajuda de um profissional especializado é fundamental nesse processo, mas para reparar o dano do trauma, não encarando o bullying como sendo de responsabilidade da criança.
Pode ser que em algum momento seja preciso trocar de escola e entender que ali não é o lugar para a criança estar porque não está fazendo bem para ela. Há muitos pais que forçam os filhos a ficarem, dizendo que é preciso ser forte e superar a situação, mas imagine se fosse um trabalho em que os pais sofressem assédio moral todo o tempo. Será que não procurariam outras alternativas? E por que com a criança precisa ser diferente?
A postura que a família assume nesses casos é importantíssima. É fundamental defender os filhos e procurar meios para solucionar o que acontece, pois o bulinador geralmente tem uma família que o protege e/ou que não entende a gravidade desse tipo de atitude, logo a autoriza como sendo certo. Já os pais do aluno que sofre bullying esperam sanções e punições ao agressor. O que não vale é deixar o bulinado em um estado de vulnerabilidade.
Se a vítima do bullying toma o discurso do outro para si, assume como sendo real e se inferioriza diante da situação é porque, de alguma forma, essa inferioridade já existe para esse sujeito, que mais facilmente aceita o insulto, se ofende e o toma como verdade. Geralmente ele não se defende, seja porque não aprendeu ou porque nunca se sentiu autorizado a isso.
Sobre como identificar quando isso acontece na vida dos filhos, recomendo observar se há reclamações constantes sobre a escola, falta de vontade de ir, alguma mudança na alimentação ou comportamento. Outro ponto que vale atenção é sobre doenças (reais) e que impedem a frequência nos dias letivos. Todos esses são indícios de que essa criança não está muito feliz no ambiente atual.
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