No momento em que nos vemos em uma nova realidade somos chamados a nos adequar. E essa é uma característica muito importante do ser humano: a capacidade de nos adaptarmos até as situações mais adversas, ao dia a dia mais inusitado. Já falamos por aqui sobre a importância da rotina nos primeiros anos de vida. Agora vamos olhar esse aspecto sob o ponto de vista do adulto.
Antes de inserir um item na rotina gosto de fazer uma reflexão. Qual desejo está por trás? Essa é uma das primeiras coisas que precisamos entender. O que de fato desejamos e a importância de estar em consonância com ele. Muitas vezes, inspirados por pessoas ao nosso redor – seja pessoal ou virtualmente – pensamos em incluir uma nova atividade em nossos dias, mas não avaliamos se de fato isso faz sentido para nós. E agora na quarentena, a sensação de cobrança por algo novo parece ainda maior. Seja leitura, exercício, yoga, cozinhar.
Por mais que a vontade seja acordar às 05h da manhã para começar o dia, será que seu corpo está preparado para isso? Vale avaliar a sua realidade (interna ou externa) e, dentro das possibilidades, buscar o que é possível e onde está o desejo. Quer acordar às 05h, pra quê? Para atender a demanda de quem? De si mesmo? Se é de si próprio fica muito mais fácil. Agora, se o desejo não é particular, a atividade tende a sair da rotina, a parecer “forçada”. Pode até funcionar por um período, mas não se estabiliza pois não reverbera em seu psiquismo.
A psicanálise pode ajudar a descobrir e entender quem é esse sujeito desejante e como isso se aplica na vida.
