Faz algum tempo temos percebido certa exigência de maturidade às crianças, cobrando sobre responsabilidades que não lhe competem. Por outro lado, muitos pais têm deixado de dar autonomia para tarefas que os pequenos podem desempenhar sozinhos, criando um cenário de inversão de autorização.
Por mais que a criança já pareça mais madura do que sua idade e aparentemente seja capaz de realizar algumas tarefas, até a pré-adolescência precisa da assistência e monitoria dos pais, com atenção e suporte adequados a cada etapa da vida dos filhos.
Percebemos que muitas famílias entendem que já com sete, oito anos a criança seja apta a administrar sozinha a própria agenda, organizando o dia a dia escolar (separando o material, estudando para provas, fazendo o dever de casa…) e as tarefas extracurriculares. Só que muitos se esquecem de que a noção espaço-temporal é totalmente diferente para ela. Ainda não há estrutura psíquica que compreenda claramente a rotina, nem capacidade de prever o que é necessário para realizar uma atividade. Cobrar isso dos pequenos no momento inoportuno é extremamente prejudicial. Nessa idade, eles precisam ser acompanhados e regulados, pois não conseguem decidir sozinhos.
Ao longo dos anos e do desenvolvimento infantil é legal começar a dar ferramentas para que a criança possa caminhar sozinha no futuro, como ensinar a estudar, explicar como olhar para a programação semanal, mas sem dar o peso da responsabilidade exclusiva. O método Montessori é bem interessante e está muito alinhado com cada fase de desenvolvimento. Vale a pena pesquisar sobre. Outra dica que gosto de deixar é compartilhar atividades da casa com a criança, mas de acordo com a idade. Colocar a mesa do jantar, recolher brinquedos espalhados, brincar com o animal de estimação, e por aí vai… A ideia é que os adultos monitorem as atividades até os 10 anos. Após isso, com a chegada da pré-adolescência, é interessante começar a cobrar mais autonomia, mas neste estágio o psiquismo já tem estrutura para administrar suas tarefas.
